A Leveza do futebol no banco dos réus

Gustavo Lopes Pires de Souza – Diretor Regional do IBDD

 Na última rodada do campeonato brasileiro, Luis Fabiano e Carlos Alberto, protagonizaram uma cena que remonta aos tempos românticos do futebol, quando por brincadeira, trocaram tapas e “safanões”.

O fato ficaria marcado como um ato de amizade e leveza em um esporte tão competitivo como o futebol, não fosse a Procuradoria de Justiça Desportiva denunciá-los por conduta contrária à ética desportiva, prevista no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Importante, neste momento, definir ética que corresponde à parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.

Pois bem, as normas aplicáveis ao caso tratam de punições disciplinares, ou seja, a condutas que assegurem o bem estar dos envolvidos e o bom funcionamento da partida.

A conduta dos atletas, portanto, não viola o respeito à essência das normas, eis que não se ocorreu violência ou prejuízo ao andamento da partida, mas de meros afagos (pouco convencionais, mas afagos) entre os atletas.

O futebol e a vida precisam de mais leveza e de menos “politicamente correto”. Brincadeiras e atos de descontração como comemorações inusitadas e atitudes excêntricas, desde que não perturbem o bem estar e o andamento da partida devem ser toleradas e até incentivadas.

O futebol está na alma do povo brasileiro e sua importância extrapola as quatro linhas, eis que é o espelho da “molecagem” e da irreverência que tanto qualificam o atleta brasileiro.

O Brasil conquistou a alcunha de “país do futebol” graças ao seu jeito “moleque”, leve e bonito de jogar e não por possui 11 “robôs” disciplinados. A irreverência do futebol brasileiro encantou o mundo nas Copas de 1958, 1962, 1970 e 1982.

O 7 a 1 que tanto retunda nos nossos corações também é fruto da onda do “politicamente” correto que, como um tsunami, varre do futebol brasileiro sua alma, sua essência.

O que seria do futebol brasileiro sem os dribles moleques de Garrincha, sem a falta de compromisso tático de Zagalo, sem a Malandragem de Romário ou sem a ousadia de Pelé?

Enquanto o futebol brasileiro insistir na “chatice” do “politicamente correto” e do rigor disciplinar, inclusive com relação a atos lúdicos e românticos como os perpetrados por Luis Fabiano e Carlos Alberto, continuaremos amargando derrotas históricas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *